Por Juliane Couto Lucena
(Com base em Jonas 4.5-11)
A história do profeta Jonas é riquíssima em aprendizado sobre a relação do homem com Deus, seu egoísmo e indiferença com o que diz respeito aos planos do Senhor para salvação e redenção dos pecadores. (O próprio senhor Jesus Cristo citou o sinal do profeta Jonas, conforme lemos em Mateus 12.39-41). No entanto, detendo-se na narrativa do último capítulo do livro, dois pontos da história precisam ser observados mais detalhadamente.
Deus interferiu naquilo que parecia ser um processo circunstancial do tempo, modo e localização:
– Fez nascer uma planta (Jonas 4.6) – plantas nascem naturalmente;
– Enviou um bicho para ferir a aboboreira (Jonas 4.7) – plantas morrem também;
– Mandou um vento quente, oriental (Jonas 4.8) – Ventos quentes sempre causam desconforto no calor e em lugares áridos.
Deus estava agindo na vida de Jonas ao usar circunstâncias que poderiam ter acontecido de forma natural. Antes de Nínive, o profeta vivenciou o milagre de sobreviver dentro das entranhas de um peixe, que o engoliu inteiro e o vomitou na margem. No entanto, agora, Deus se revelava a Jonas movendo aquilo que parecia ser uma casualidade, um processo da natureza.
Quantas vezes atribuímos os problemas e dificuldades que enfrentamos a meras circunstâncias, pois não conseguimos ver que Deus está agindo por trás de tudo o que ocorre à nossa volta, para nos testar, nos aperfeiçoar e nos aproximar Dele. Dizemos: “Isto acontece em minha vida, por causa da cidade onde estou, da família de onde eu nasci, do bairro onde eu moro ou, até mesmo, da Igreja onde eu congrego. As circunstâncias da minha vida são estas e por conta disto não acontece o que eu desejo ou aquilo que eu penso que seria melhor para mim.”
Em nossa teimosia insistimos em pensar assim, sem perceber que é o Senhor quem age para nos provar, movendo as circunstâncias. Desse modo, por não entendermos, nos sentimos confusos, com a mente “ferida”, (como a cabeça de Jonas), atingida pelas dúvidas e perguntas sem resposta que nos assolam tanto quanto o sopro de um vento quente em terra árida.
Deus queria se revelar a Jonas de uma forma muito íntima e particular:
O Senhor queria mostrar a Jonas o que estava em seu coração. O Todo Poderoso, criador dos céus e da Terra, estava confidenciando a um homem mortal o seu sentimento de compaixão, além de estar confirmando a Jonas que a sua pregação em Nínive não foi em vão, embora este profeta ainda não havia percebido isso.
Jonas era hebreu e, provavelmente, conhecia a lei de Deus e as revelações que o Senhor deu a Moisés. E em uma dessas revelações, registrada em Êxodo 33. 19, Deus afirma: “Terei misericórdia de quem Eu decidir ter misericórdia, e terei compaixão de quem Eu desejar ter compaixão.”
Com Jonas, o Deus, que decide de quem irá se compadecer sem precisar comunicar previamente, foi bem específico e falou sobre sua compaixão pelos ninivitas. E por que Nínive? Porque Nínive era o chamado de Jonas, o propósito que Deus estabeleceu para a sua vida, desde o início da história. O livro começa falando sobre o juízo de Nínive e termina abordando sobre a compaixão do Senhor sobre esta mesma cidade, reafirmando que o chamado de Jonas não foi em vão. O Senhor deseja sempre nos revelar algo novo sobre a sua vontade; novo, porém não diferente daquilo que estabeleceu para as nossas vidas desde o início de nossa caminhada com Ele, pois o nosso Deus não muda e seus planos também não. Que venhamos dar lugar ao Espírito Santo para falar aos nossos corações, que o Senhor abra nossos olhos e ouvidos espirituais, a fim de percebermos que nossa “aboboreira de esperanças” não morreu por acaso. O Senhor quer se revelar a nós e confirmar seu proposito em nossas vidas.
“A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais Ele revelará os segredos da sua aliança.” (Salmos 25.14).