Eu moro na aldeia Pykatiokrãnh, do povo Xikrin, mas minha aldeia de origem é Katete. Quando morávamos em Katete, somente minha esposa era crente. Eu ainda não havia me convertido. Ela sempre me convidava para ir aos cultos e me desafiava a servir a Cristo com ela. No entanto, nós sabemos que quando uma pessoa ainda não conhece Jesus, não quer saber das coisas de Deus. E era assim comigo, mas minha esposa continuava sempre me convidando. Ela foi batizada e eu ainda não servia a Jesus. Eu dizia: “Eu não quero ser batizado.” Então, minha esposa foi batizada primeiro do que eu.
Foi por essa época que começou a se formar a aldeia Pykatiokrãnh. E alguns crentes também mudaram para lá. Os cultos aconteciam eventualmente na casa do cacique, que é bem próxima do rio. O povo se reunia na casa do cacique para tomar café e nós cantávamos hinos, e as mulheres crentes recitavam versículos bíblicos e davam uma pequena explicação. Ainda não havia pregadores da Palavra de Deus, mas as pequenas porções recebidas da Bíblia me levaram a conhecer mais de Jesus e a tomar a decisão de servi-lo.
Quando eu era recém-convertido, saí com um grupo de homens para pescar. Minha esposa não queria que eu fosse, mesmo assim eu fui. Chegamos ao local da pescaria, todos nós contentes pela expectativa de levarmos peixes para casa. Quando de repente, eu fui atacado por uma arraia. Como o rio estava muito seco, não havia possibilidade de navegar. Eu não conseguia andar por causa da dor e do inchaço no local ferroado. Meus companheiros, apesar de não serem crentes, foram verdadeiros amigos. Eles se revezaram me carregando, até chegarmos ao local onde o barco estava. De lá, fui levado até à aldeia. Foi uma longa viagem, até que à tardinha chegamos à aldeia. Eu sofri muitos dias de dor intensa, até que os efeitos do veneno da arraia foram passando. Vi o Senhor cuidando de mim.
Então teve uma conferência bíblica em Katete. E dessa vez eu fui para ser batizado. Depois do batismo, eu comecei a participar dos cultos, pregando a Palavra e logo me tornei o líder da igreja em Pykatiokrãnh.
Hoje como aluno do CMTB, juntamente com meus colegas, estamos nos preparando, aprendendo mais a Palavra de Deus para que o Senhor nos envie para um lugar onde ainda as pessoas não ouviram falar de Jesus. Um lugar que nós ainda não sabemos; mas Ele sabe!
Texto redigido por Missionária Eunice Costa da Silva – missionária atuante na Missão Indígena Batista Conservadora – MIBAC
Foi depois de ter recebido um milagre em sua saúde que Mutkatur Xikrin decidiu entregar-se a Jesus
Durante aula prática do CMTB – Disciplina: Noções de construção e marcenaria
Mutkatur no CMTB, com o professor de Doutrinas Bíblicas, pastor Alvacyr Costa